Ginástica para o Cérebro

A capacidade do cérebro de mudar e se reorganizar, diante de estímulos internos ou externos, é chamada neuroplasticidade. Como nos materiais plásticos, as conexões neuronais são moldadas ao longo de sua formação e desenvolvimento, bem como ao longo de toda a vida do indivíduo, independentemente da idade. Portanto, podemos entender o cérebro como um órgão de mudança e adaptabilidade permanente.

Essa maleabilidade faz com que esse órgão esteja constantemente buscando respostas para manter nosso organismo funcionando adequadamente, para realizar reparos em qualquer órgão ou sistema danificado e para encontrar uma lógica em cada experiência. Ele é uma verdadeira “máquina de transformação” e o gerente de nossa própria existência.

Devido a esta importância vital, devemos cuidar desse “equipamento” de maneira constante, consciente e responsável. O que, em todo caso, não significa ter mais trabalho ou esforço, doses diárias de estímulos prazerosos e interessantes são suficientes para manter o cérebro saudável e produtivo.

Antes de qualquer coisa, hidrate-se. A má hidratação pode alterar a memória e o sono, que é fundamental para consolidar as aprendizagens do dia a dia.

Para exercitar a memória, por exemplo, ouça música. Aprenda ou tente se lembrar da letra de suas canções favoritas e cante. Não importa onde, nem com quem: cante!

Ao invés de usar a discagem direta do telefone, ou olhar a agenda, aprenda o número de telefone das pessoas mais próximas. Faça listas com as datas de aniversário ou outras datas importantes para os familiares e amigos. Saiba de memória os números de seus documentos.

Para melhorar a atenção mude alguma tarefa rotineira, feita de forma automática, como escovar os dentes com a mão contrária à que está acostumado ou mudar o mouse de lado; assim, se você é destro, use a mão esquerda e vice-versa. Faça caminhos diferentes para casa, trabalho, mercado ou escola.

Para melhorar memória e atenção juntas: faça contas de cabeça. Calcule o troco antes de chegar ao caixa ou quanto vai gastar durante as compras pequenas, como na padaria ou banca de frutas; calcule quantas semanas faltam para o Natal, para as férias, etc.

Para trabalhar a linguagem leia diariamente. Se não tem o hábito de ler, comece por textos bem pequenos sobre os temas que lhe interessem: esporte, jardinagem, maquiagem, culinária, carros, viagens. Não importa o assunto, escolha o que quiser. À medida que melhorar o hábito diário, procure ler assuntos sobre os quais não saiba nada e vá aumentando gradualmente o tamanho dos textos, de acordo com seu interesse e disposição. Use o que tiver disponível, internet, revistas, jornais, catálogos, etc.

Para melhorar a capacidade de observação e a orientação espacial, tente localizar objetos na escrivaninha ou em uma gaveta com a luz apagada. Ao entrar em algum lugar novo, tente manter a noção de onde está a rua, onde seu carro ficou estacionado, onde o sol nasce e se põe ou qualquer outra referência externa.

Melhores as funções executivas através de planejamentos e solução de problemas, como planejar uma viagem em detalhes, com previsão de dias, transporte e recursos necessários segundo a época e atrações a visitar. Outro excelente exercício é fazer a lista de supermercado por setores (bebidas, alimentos perecíveis, não perecíveis, higiene, limpeza, utensílios, etc.), tentando se lembrar de sua localização no supermercado.

A lista de atividades prazerosas e “amigas do bom funcionamento do cérebro” vai longe. Produzir peças em tricô e crochê ou bordar. Aprender um novo idioma ou instrumento. Praticar novos passos e ritmos de dança. Resolver palavras cruzadas ou sudoku por curtos períodos, 15 a 20 minutos diariamente é melhor do que horas seguidas no mesmo dia.

Somente o treino constante mantém nossas funções cerebrais funcionando adequadamente. Mesmo com as perdas naturais previsíveis, é possível manter a lucidez e a qualidade de vida até uma idade bem avançada. Nosso cérebro não gasta com o uso, ao contrário, quanto mais utilizado melhor e mais saudável ele fica.

E, para o final, a melhor notícia, enquanto seu cérebro trabalha com atividades prazerosas, você fica mais relaxado, sente-se melhor e mais disposto. Portanto, pense, planeje, faça coisas, enfim, viva!

 

 Texto originalmente publicado no Caderno Vida & Arte do Diário da Região, edição de 17/05/2014.

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